Viver com bipolaridade é, muitas vezes, viver num mundo interno instável e intenso. Porém, isso afeta não somente o bipolar, mas também as pessoas ao redor. Parceiros(as), familiares, amigos, colegas de trabalho também são afetados, em diferentes graus, as oscilações de humor e comportamento desta condição.
Já comentei que na minha adolescência eu vivia uma angústia e chorava sempre. Isso acontecia, geralmente, durante a aula. Eu estudei o ensino médio num colégio de tempo integral, ou seja, manhã e tarde, portanto passava mais tempo estudando do que em casa durante a semana.
Durante esses três anos, muitas vezes eu começava a chorar do nada e por consequência isso mobilizava meus colegas de classe e professores. Todos eram muito solidários comigo, acho que entendiam que eu não fazia para chamar atenção, ou pelo menos nunca demonstraram algo contrário. Sou grata por sempre terem me acolhido.
Quando saí do ensino médio, as crises de choro diminuíram e abriram espaço a uma eu estressada e cansada o tempo todo. Chegava da faculdade e me trancava no quarto, não queria falar com ninguém de casa, só com as pessoas que conhecia na internet e nem sempre estava de bom humor para lidar com eles também. Na verdade, nunca parecia que eu estava bem.
Quando minha mãe foi demitida e voltou a morar comigo e minha avó, nós duas dificilmente entrávamos em um acordo, estávamos sempre em conflito. Depois que iniciei o tratamento para bipolaridade, as coisas começaram a se acalmar, porém vez ou outra eu ainda dava uma resposta atravessada quando tava em dias poucos amigáveis.
Nos primeiros meses do meu atual namoro também houve momentos em que meu humor oscilava, eu descontava sem querer no meu namorado. Eram coisas como ele falar algo inofensivo e eu interpretar de maneira agressiva ou chorosa.
Cansaço emocional e medo constante
Hoje que estou menos instável, sei que eram situações que não precisava virar algo maior, mas na hora nosso julgamento fica nublado. Cada vez que eu tratava alguém mal, ou que me sentia mal por algo que aconteceu devido as minhas mudanças de humor, eu sabia que tinha algo de errado, pois não acontecia dentro do meu controle.
Nós vivemos esse medo de que as pessoas vão se cansar de nós e que somos um estorvo. Lembro-me de me perguntar se aquilo era quem eu realmente era, se fazia parte da minha personalidade.
Conclusão
Relações saudáveis são possíveis, mesmo com o transtorno bipolar em cena. Mas para isso é preciso entendimento mútuo, boa comunicação e tratamento adequado.
Música de hoje: ANAVITÓRIA - Agora Eu Quero Ir

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