Lidar com o transtorno bipolar no dia a dia já é uma tarefa complicada e que requer atenção, e uma área importante é a área financeira. Isso porque durante a mania, tendemos a comprar mais de maneira compulsiva, podendo afetar até mesmo os entes queridos.
Pessoas que ainda não foram diagnosticadas com o transtorno podem passar anos entre o endividamento e a estabilidade. Muitas vezes sendo vistas como irresponsáveis ou sem controle, quando na verdade estão precisando de ajuda com uma condição clínica.
Mas por que a mania afeta o financeiro?
A fase maníaca ou de mania é uma das fases do transtorno bipolar. Nela, a pessoa costuma apresentar: Aumento de energia e euforia, ideias grandiosas (megalomania), diminuição da necessidade de sono, aumento da impulsividade e tomada de decisões arriscadas.
Durante a mania, o cérebro do bipolar está hiperestimulado. A dopamina, um dos neurotransmissores ligados à sensação de prazer e recompensa, costuma estar em níveis elevados, o que provoca um forte desejo de prazer imediato.
Esse comportamento impulsivo, muitas vezes aliado a uma autoconfiança excessiva, nos leva a decisões financeiras perigosas, fazendo com que a pessoa:
Compre por impulso, mesmo sem necessidade;
Faça empréstimos ou use cartões de crédito sem pensar nas consequências;
Invista em negócios arriscados, acreditando que "vai dar certo";
Ignore alertas e conselhos de familiares ou amigos;
Negue os problemas financeiros que está causando.
Como reconhecer os sinais de alerta?
É importante que saibamos identificar os sinais de que o comportamento financeiro está saindo do controle, para que assim possamos agir rápido. Preste atenção a:
Gastos repentinos e exagerados;
Compra de itens caros e/ou desnecessários (ex: eletrônicos, roupas de luxo, viagens);
Doações ou empréstimos impulsivos de dinheiro;
Criação de empresas ou projetos “milagrosos” da noite para o dia;
Irritação quando confrontado sobre as finanças.
Estratégias para o controle financeiro
É importante ter estratégias para quando estiver na fase maníaca, assim pode-se mitigar os possíveis danos.
Limite o acesso a crédito
Reduza ou cancele cartões, estabeleça limites de saque e evite deixar dinheiro fácil de ser gasto.Pague em dinheiro
Dê preferência a pagar em cédula, assim limita-se o acesso ao dinheiro.Tenha um responsável financeiro
Em fases de estabilidade, avalie deixar contas e investimentos sob supervisão de alguém de confiança.Crie alertas de gastos
Aplicativos bancários podem ajudar a monitorar compras e emitir avisos em tempo real.Evite decisões importantes durante a mania
Assinar contratos, fazer grandes investimentos ou compras deve ser evitado nesse período.Tenha um plano de crise
Um documento com orientações para momentos de descontrole, elaborado com seu terapeuta ou psiquiatra.Fique longe de lugares que te tentem
Evite lojas físicas e online. Não deixe os dados do cartão salvo, mais uma etapa pode fazê-lo desistir da compra.Priorize pagar as dívidas já feitas
Tente manter o mínimo de dívidas e busque quitar as já existentes. Comece da menor para a maior.
Por fim, não se martirize quando fizer uma compra que não devia. Somos humanos e falhamos e falharemos no futuro, o importante é tentar e não desistir. Com consciência, tratamento e planejamento, é possível retomar o controle da sua vida financeira e emocional.
