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quarta-feira, 2 de abril de 2025

As amizades perdidas pelo caminho - Relato pessoal



Todos nós já falamos ou fizemos coisas em que bateu o arrependimento, de imediato ou não. Seja porque um dia você não está bem ou só a falta de maturidade em perceber que algo que você fazia/faz machuca o outro.


Hoje quero falar de dois casos onde perdi amizades por impulsividade e falta de tato. É importante notar que nos dois casos eu não fazia tratamento e nem sabia que tinha o transtorno bipolar e, portanto, vivia de maneira instável


Isso, claro, não me exime da culpa de que fui eu que causei as situações.


Carlos


Eu tinha esse bom amigo, que vamos chamá-lo de Carlos, o qual o via como um irmão mais novo. O conheci online, em um joguinho para computador muito famoso na época. Ele morava no mesmo estado que eu, mas como éramos muito jovens só fomos nos encontrar uma vez quando já tínhamos um tempo de amizade.


Carlos era um jovem muito tranquilo e engraçado. Conversávamos diariamente sobre muitas coisas. Também tínhamos amigos em comum, então a conversa também girava em torno deles.


Certo dia eu estava muito estressada sem motivo, provavelmente numa fase mista. Estava dando respostas ríspidas, enquanto Carlos só queria bater o mesmo papo de sempre. Numa dessas ele me pergunta “Qual o seu problema?”. Não pensei duas vezes, não medi as palavras e apenas soltei um “Gente como você”.


Bem, agora vocês estão pensando que, independente se foi culpa do TAB ou não, eu mereci o fim da amizade. Sim, eu sei, estou totalmente ciente e concordo plenamente. A impulsividade é uma faca de dois gumes: Pode dar muito certo ou muito errado. Mas olhando agora do presente eu não me arrependo de ter acabado, e sim de como acabou. Carlos e eu seguimos com visões de mundo diferentes, estávamos fadados ao distanciamento e talvez tenha sido melhor assim.


O mesmo não pode ser dito sobre o Alan.


Alan


Também conheci o Alan (nome fictício) em um jogo através de um amigo em comum. Desde o começo sempre foi meio conturbado nossa relação. Isso porque eu, como já deve ter dado para perceber, não tinha muita responsabilidade emocional, tampouco o dava o devido respeito que nossa relação pedia.


Eu estava acostumada com amigos que riam e não se importavam com meio jeito meio grosseiro. Mas Alan era diferente, era um menino sensível e não parecia entender que eu não falava para machucá-lo e sim porque era o meu jeito mesmo.


Quando há duas pessoas com personalidades tão diferentes, concessões precisam acontecer para que as coisas fiquem equilibradas e fluam.


E não aconteceu.


Alan ficou cansado e com razão. No lugar dele também ficaria. Não sei como ele está hoje em dia, mas imagino que bem já que não ouvi nada do nosso amigo em comum.


Diferente do caso do Carlos, eu gostaria de ter um momento propício para um pedido de desculpas ao Alan. Não que eu ache que não devo desculpas ao Carlos, é só que no caso dele não há o que fazer, nossas diferenças vão muito além de um assunto mal acabado de 11 anos atrás.


Carlos e Alan nunca vão ler esse texto e talvez até já tenham esquecido sobre essas situações passadas. E assim seguiremos e talvez um dia nos encontremos. Mas esse dia não é hoje.




Música que me acompanhou nesse finalzinho: Ely Eira - Monster