Viver com transtorno bipolar é viver altos e baixos. De um lado a euforia, do outro, uma tristeza profunda, beirando o vazio. Muitas pessoas encontram na arte um meio de expressar as emoções contidas durante esses dois pólos.
O transtorno bipolar mexe com o nível de energia, com a intensidade emocional e com a forma de perceber o mundo. E a arte, por natureza, é expressão. Quando estamos no alto da euforia ou no fundo do poço, o que falta são palavras, espaço ou até permissão para extravasar o que sentimos.
A arte não julga, não exige explicações, nem correções. Ela acolhe. Permite que a dor seja cor, que a raiva vire som, que o vazio seja escrito. A arte pode: Reduzir o estresse; Ajudar a expressar emoções reprimidas; Melhorar o humor; Aumentar a autoestima; Reforçar o senso de identidade.
Neste artigo, quero compartilhar como escrever, desenhar, cantar, pode ser um meio de ajuda para lidar com os extremos emocionais da pessoa bipolar.
Escrever: Transformar o caos em palavras
Escrever, para quem tem bipolaridade, pode ser como organizar a bagunça interna. Quando as ideias estão rápidas demais (como na hipomania ou mania), escrever ajuda a desacelerar. Quando a depressão cala tudo, escrever pode ser uma forma de não se perder de si mesmo.
Você pode tentar:
Escrever diários/cadernos emocionais: não precisa ser em um diário, desses que as meninas usam. Pode ser um caderno qualquer, o importante é registrar os sentimentos sem filtro;
Poemas ou cartas: mesmo que nunca sejam lidos por ninguém;
Blog pessoal ou rede social: compartilhar sua vivência pode ajudar você e outros.
O ato de escrever permite que você visite e revisite quantas vezes quiser e comparar o que estava sentindo em cada momento da sua vida. Também pode ajudar a identificar padrões quando você está entrando em mania ou depressão.
Desenhar ou pintar: quando o corpo sente o que a mente não entende
Nem sempre temos palavras para o que sentimos e está tudo bem. A pintura ou desenho entra aqui como um meio entre o sentimento e o mundo exterior. Quando há muitos estímulos ou estamos completamente entorpecidos, pegar um lápis, caneta ou pincel pode ajudar a colocar para fora o que não conseguimos explicar.
Não é sobre ser “bom” em desenhar, é sobre usar o gesto como desabafo, um meio de se expressar:
Pintar cores fortes quando tudo explode por dentro;
Rabiscos nervosos para a raiva que não pode sair em palavras;
Formas suaves quando a ansiedade precisa ser acalmada.
Esse tipo de arte pode ser feito em casa, no caderno, em uma tela digital, o que importa é a sensação de alívio e liberação.
Cantar e criar músicas: dar voz ao que pulsa
A música tem uma conexão profunda com o transtorno bipolar. Não à toa, muitos artistas com esse diagnóstico expressam suas dores e delírios por meio de sons. Cantar pode ser uma forma de libertação emocional imediata.
Você pode:
Criar playlists para cada fase (mania, estabilidade, depressão);
Gravar áudios cantando ou falando sobre o que sente;
Compor (mesmo sem instrumento);
Cantar no chuveiro, na sala, no carro, onde for seguro.
O som da sua própria voz pode ser uma forma de se lembrar de que você ainda está aqui, mesmo quando tudo conturbado ou vazio.
A arte não cura o transtorno, mas pode curar partes da alma
Importante lembrar: arte não substitui medicamento, terapia ou acompanhamento profissional. Mas ela pode acompanhar o tratamento e tornar o processo muito mais leve. Pode ser o espaço em que você se reconhece, quando tudo o mais parece estranho.
Ter transtorno bipolar é conviver com extremos. A arte não anula esses extremos, mas ajuda a atravessá-los com mais gentileza. Mesmo nos dias em que tudo parece perdido, um rabisco, uma frase ou uma canção podem lembrar: você ainda está aqui.

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