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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Criatividade e Transtorno Bipolar: É Preciso Estar em Surto para Criar?

Há uma crença popular que pessoas bipolares são mais criativas. Essa crença deve-se ao fato de que, na mania ou hipomania, os bipolares experimentam picos de criatividade, borbulhando de ideias, muitas vezes grandiosas demais.

A psiquiatria moderna é capaz de, ao analisar biografias de artistas famosos, supor que muitos experimentaram esses picos de criatividade.


Através da revisão de cartas do pintor Vincent Van Gogh, chegou-se ao diagnóstico de transtorno bipolar. Nos seus últimos anos de vida, pintou cerca de 400 telas. Um retrato da genialidade e do sofrimento que o acometia.


Nem tudo são flores. Toda essa criatividade na fase maníaca (ou hipomaníaca) vem com um custo: Noites mal dormidas; pensamentos acelerados; projetos não finalizados; crença grandiosa em relação às próprias ideias, às vezes com traços de delírio; dificuldade de foco; irritabilidade se for interrompido ou questionado.


Muitos podem achar que ao se medicar esse fluxo vai acabar, mas não é bem assim. Quando estamos estáveis, temos mais controle sobre nós mesmos, podemos ter mais foco e finalizar projetos. E hoje, o que não falta é acesso a outras obras e lugares para se inspirar.


Hoje temos livros, fotos, desenhos, pinturas, música, etc., na palma da nossa mão, na tela do computador. Podemos ver fotos e vídeos de lugares que talvez nunca poderíamos ir. Há museus acessíveis, feiras artesanais, projetos da prefeitura. Tudo isso inspira. O caos não é mais necessário.


quarta-feira, 16 de julho de 2025

Identificando Gatilhos para Bipolares: O Primeiro Passo para o Autocuidado

Viver com transtorno bipolar é como caminhar numa estrada que, às vezes, muda de direção sem aviso. Uma hora tudo parece leve e possível, e, na outra, a montanha-russa emocional te joga para cima ou para baixo com uma força difícil de controlar.

Mas nem sempre essa mudança acontece do nada, às vezes ela vem acompanhada de gatilhos. Mas o que são esses gatilhos e por que é importante identificá-los?


Gatilhos são estímulos, internos ou externos, que despertam reações intensas. Pode ser um trauma, uma emoção profunda ou algo que sobrecarrega o corpo ou a mente. Para pessoas bipolares, esses estímulos podem desencadear episódios de mania, hipomania ou depressão.


Identificá-los não fará com que os episódios aconteçam, mas te dará a chance de se proteger.

Quando sabemos o que nos afeta, conseguimos: Evitar ou adaptar situações específicas; Comunicar melhor nossas necessidades às pessoas próximas; Ajustar a medicação com mais precisão (sempre com orientação médica); Criar planos de ação para quando uma crise parece se aproximar.

Exemplos de gatilhos comuns em pessoas bipolares

Cada pessoa tem seus próprios gatilhos, mas alguns são bastante recorrentes entre quem convive com o transtorno bipolar. Alguns exemplos:

  • Privação de sono: dormir mal por alguns dias pode desencadear euforia ou instabilidade emocional.

  • Estresse excessivo: mudanças repentinas, prazos curtos ou conflitos intensos sobrecarregam o sistema nervoso.

  • Discussões familiares ou afetivas: relações conturbadas podem causar recaídas emocionais.

  • Uso de álcool ou drogas: mesmo em pequenas quantidades, podem desestabilizar o humor rapidamente.

  • Interrupção do tratamento: parar ou reduzir a medicação sem orientação pode causar episódios graves.

  • Festas, viagens ou mudanças de rotina: eventos positivos também podem ser gatilhos para episódios de mania.

  • Ciclos hormonais e TPM: especialmente em mulheres, as oscilações hormonais podem afetar diretamente o humor.

  • Datas marcantes: aniversários, feriados ou datas de perdas podem trazer emoções difíceis à tona.

  • Situação financeira: Imprevistos financeiros ou falta de dinheiro sobrecarregam o cérebro com preocupações.

Como identificar os seus próprios gatilhos?

Esse processo exige paciência, pois não é da noite pro dia que você vai conseguir identificar tudo. Alguns gatilhos acontecem esporadicamente. Algumas estratégias que ajudam:

1. Faça um diário emocional
Anote diariamente como você se sente, o que aconteceu no seu dia e se percebeu mudanças bruscas de humor. Com o tempo, ficará mais fácil reconhecer padrões.

2. Observe o que vem antes das crises
Reflita sobre os dias ou semanas que antecederam seus episódios mais intensos. Houve briga com alguém? Dormiu pouco? Estava sobrecarregado?

3. Converse com pessoas de confiança
Às vezes, amigos, terapeutas ou familiares percebem nossos padrões antes de nós mesmos. Ouvir com abertura pode ser revelador.


Gatilhos não são fixos. Ao longo da vida podem surgir novos gatilhos e tá tudo bem você não sabê-los de antemão. É um constante aprendizado.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Quando a Maternidade Não Cabe: O Peso da Bipolaridade nas Minhas Decisões

É comum que, ao longo dos anos, nós vamos mudando de opiniões e crenças. Não por sermos facilmente influenciáveis e sim porque vamos nos expondo a diferentes cenários e pessoas e tendemos a concordar com aquilo que faz mais sentido.

Hoje quero compartilhar a minha mudança de visão de mundo durante os anos em relação à gravidez e filhos, e porque isso está ligado ao transtorno bipolar.


Agora, no último dia 25 de junho, fiz 31 anos e me peguei pensando sobre uma cena que ocorreu quando tinha 13~14 anos. Estava no intervalo da aula conversando com duas amigas. Estávamos falando sobre o que queríamos para o nosso futuro e lembro que eu disse que queria estar casada e ter dois filhos, uma menina e um menino.


Naquela época eu realmente não pensava no porque eu queria isso, era só o que era esperado de mim e eu sentia a necessidade de cumprir. Não lembro exatamente quando mudei de opinião, mas aconteceu e sei que a bipolaridade teve um papel crucial nessa mudança.


Conforme eu ficava mais velha, eu fui me afastando um pouco desse ideal de engravidar e ter filhos, nada concreto, mas a semente já estava plantada. A cada notícia que saia do que acontecia com o mundo, eu fui ficando mais e mais pessimista com o futuro e não desejava colocar uma criança no mundo sem a garantia que ela ficaria bem no futuro.


Mas tá, como a bipolaridade entra na história?


Quando eu finalmente tive o diagnóstico eu entendi que mesmo que meu filho tivesse um lugar no mundo, ele não teria um dentro de casa. Como assim? Nós bipolares somos instáveis e isso se mostra na criação da criança. Como podemos lidar com outra vida se mal damos conta da nossa? Especialmente aqueles que mesmo medicados, têm recaídas brutas.


Não apenas isso, mas como seria durante a gravidez e a fase de amamentação, onde os remédios não são indicados? O que me garante que não vou entrar em surto? Nada, eu não tenho garantia de nada.


A muitas histórias de filhos e filhas que tem um dos pais bipolar e sofreram a infância e adolescência com os altos e baixos, os surtos e a depressão do(a) pai/mãe. Além de que, bipolaridade é uma condição genética, ou seja, pode ser transmitida para a criança.


Contar para vocês um caso que fiquei sabendo, de uma mulher bipolar já com 3 filhos. Ela ficou grávida de novo e acabou perdendo a criança, não voltou com a medicação e teve que ser internada. E essa não foi a primeira vez que ela teve que ser internada. Vocês conseguem imaginar como é ter uma mãe com quem você não pode contar? Não estou dizendo que ela é uma péssima mãe, mas certamente essas crianças não vão crescer num ambiente saudável.


É essa a vida que eu quero para meu filho? Por quê? Por um egoísmo meu?

Não, minha doença termina comigo.



quarta-feira, 2 de julho de 2025

Frases que Ferem (e Frases que Ajudam) Quem Tem Transtorno Bipolar

Quem vive com o transtorno bipolar sabe que há vezes que escutamos frases desagradáveis, seja de uma pessoa conhecida ou alguém mais próximo. Essas frases carregadas de estigmas desvalorizam a nossa luta diária. Frases ditas sem pensar, conselhos mal colocados e julgamento disfarçado de preocupação, transformam um momento difícil em algo ainda mais pesado.

Mas também podem haver frases que apoiam, que abre o diálogo.


Por que isso importa tanto?


Porque quem vive com transtorno bipolar já carrega muita culpa, medo e insegurança. Já questiona seus comportamentos, sua memória, sua capacidade de confiar em si mesmo(a).

Quando escuta frases que invalidam ou minimizam, isso só aprofunda o sofrimento.


Por outro lado, quando escuta empatia, escuta presença, escuta acolhimento, sentimos que, mesmo em meio ao caos, tem um lugar onde pode ser quem é, sem precisar se explicar o tempo todo.


Darei alguns exemplos para você, que conhece um bipolar, evitar falar. Ou para você bipolar, que talvez te faça abrir os olhos para situações onde pessoas não são tão receptivas.


Frases que ferem, mesmo se estiver com boa intenção


1. “Isso é só uma fase, vai passar.”

A intenção é tranquilizar, mas para quem está em sofrimento, essa frase invalida o que está sentindo. O transtorno bipolar tem fases sim, mas elas não são “só” nada, são reais, intensas, e precisam de atenção.


2. “Todo mundo é um pouco bipolar.”

Não, não é a mesma coisa. Essa frase diminui o transtorno, como se fosse apenas uma variação de humor comum. Para quem vive com bipolaridade, os altos e baixos podem ser incapacitantes.


3. “Você precisa se esforçar mais.”

Dizer isso para alguém em crise é cruel. Quem vive com transtorno bipolar muitas vezes já está se esforçando ao máximo só para levantar da cama. Não é falta de força, é uma condição médica.


4. “Mas você parecia tão bem.”

Sim, a gente pode parecer bem. A oscilação é justamente parte do transtorno. Felicidade ou euforia não cancelam a dor que pode vir depois.


5. “Você está tomando seus remédios?”

Essa frase, dita de forma acusatória, soa como desconfiança e priva o bipolar de ter emoções, reduzindo-o(a) ao diagnóstico. Perguntar sobre o tratamento pode ser importante, mas o tom e o momento fazem toda a diferença.


6. “Já tentou substituir os remédios por alguma coisa natural?”

Eu mesma já ouvi da minha mãe para diminuir os remédios e procurar por algo natural. Se o natural resolvesse, ninguém estaria tomando medicamento, não é mesmo? O natural pode auxiliar, mas nunca substituir.


7. “É falta de Deus. Você precisa ter mais fé”

Primeiro: Nem todo mundo tem a mesma religião que você. Segundo: O transtorno pode se manifestar em qualquer pessoa, independente de religião. Terceiro: Se você é cristão, não se culpe, pois é uma condição genética e não uma falta de fé.


Essas frases ferem e negam o sofrimento do bipolar. São carregadas de desinformação e julgamento, mesmo que algumas tenham o intuito de ajudar.


Frases que ajudam e fazem a diferença


1. “Você quer falar sobre isso ou prefere um tempo sozinho(a)?”

Essa pergunta mostra respeito e cuidado. Permite escolha e dá abertura para o outro se expressar ou se recolher, se precisar.


2. “Estou aqui com você, não importa o que aconteça.”

A sensação de ter alguém que fica mesmo nos dias difíceis é poderosa. Não resolve tudo, mas traz segurança e acolhimento.


3. “Você já passou por isso antes. Vai passar de novo.”

Relembrar que crises não duram para sempre ajuda a manter a esperança, sem negar o sofrimento atual.


4. “Não sei exatamente como você se sente, mas quero entender.”

Empatia começa pela escuta. Reconhecer que não entende tudo, mas está disposto(a) a aprender, é um ato de amor.


5. “Você não é seu diagnóstico. Você é muito mais do que isso.”

Essa frase ajuda a pessoa a se reconectar com sua identidade, com tudo que ela é além da bipolaridade.


As palavras que ouvimos e as que dizemos, tem o poder de ferir ou curar. No convívio com transtorno bipolar, onde as emoções já são intensas por si só, toda gentileza conta. Empatia e paciência são essenciais.


quarta-feira, 25 de junho de 2025

Existe “normal” para quem tem transtorno bipolar? - Reflexões

Por vezes, quando estava em crise, me perguntava se aquela era quem eu era de verdade ou se existia algo além de toda a confusão mental. Perguntava-me se havia um “normal”, um estado em que a mania e a depressão não eram constantes. Certamente eu não sou a primeira e nem a última que já se perguntou isso.


Mas o que é ser “normal”? É ter um padrão linear, equilíbrio emocional e constância? Isso é mesmo possível para um bipolar? Perguntas que para alguns a resposta pode ser desanimadora.


Então como ser você mesmo e não se perder no descontrole? Para mim foi aceitar que o caos e o vazio fazem parte de mim, e que eu tenho que aprender a lidar com eles, descobrindo coisas que ligam um ao outro.


Por exemplo, eu escrevia bastante quando era mais nova, mas conforme fui crescendo esse hábito foi sumindo. A vontade de voltar a escrever era grande, mas faltava-me coragem para voltar, até que esse ano decidi criar o blog. Estou longe de ser uma boa escritora, mas é algo que me dá prazer.


Relembrar como era antes da bipolaridade vir à tona é difícil, mas é um exercício a ser feito em busca do autoconhecimento.


O que você sente falta de fazer, que gostaria de retomar? Ou há algo que você gostaria de começar? A depressão muitas vezes nos tira o chão e nos deixa no limbo, e quanto mais tempo passamos nela, mais fica difícil de sair. Por isso, relembrar é importante: porque faz lembrar o que nos conecta à realidade.


Não existe uma identidade falsa. Todas as nossas fases fazem parte de quem somos, até mesmo aquelas que gostaríamos de esquecer. A estabilidade pode ajudar a ver isso com mais clareza, mas aceitar essa complexidade também é um caminho de liberdade.


Em vez de buscar ser “normal”, talvez o caminho seja buscar ser autêntico. E ser autêntico, para quem vive com bipolaridade, pode significar:

  • Conhecer seus gatilhos e suas forças;

  • Respeitar seus limites, mesmo quando o mundo espera mais;

  • Ter coragem de dizer “não estou bem hoje”, sem culpa;

  • Reconhecer que sua sensibilidade, intensidade e criatividade também são dons.

Não é romantizar o transtorno, mas entender que faz parte de nós. Não existe um “normal” fixo para nós, e sim um caminho de autoconhecimento, aceitação e construção de uma identidade verdadeira.


Música de hoje: Keane - Everybody's Changing

quarta-feira, 18 de junho de 2025

A Arte como Refúgio: Como Escrever, Desenhar e Cantar Ajudam a Lidar com os Extremos Emocionais da Bipolaridade



Viver com transtorno bipolar é viver altos e baixos. De um lado a euforia, do outro, uma tristeza profunda, beirando o vazio. Muitas pessoas encontram na arte um meio de expressar as emoções contidas durante esses dois pólos.

O transtorno bipolar mexe com o nível de energia, com a intensidade emocional e com a forma de perceber o mundo. E a arte, por natureza, é expressão. Quando estamos no alto da euforia ou no fundo do poço, o que falta são palavras, espaço ou até permissão para extravasar o que sentimos.

A arte não julga, não exige explicações, nem correções. Ela acolhe. Permite que a dor seja cor, que a raiva vire som, que o vazio seja escrito. A arte pode: Reduzir o estresse; Ajudar a expressar emoções reprimidas; Melhorar o humor; Aumentar a autoestima; Reforçar o senso de identidade.

Neste artigo, quero compartilhar como escrever, desenhar, cantar, pode ser um meio de ajuda para lidar com os extremos emocionais da pessoa bipolar.


Escrever: Transformar o caos em palavras

Escrever, para quem tem bipolaridade, pode ser como organizar a bagunça interna. Quando as ideias estão rápidas demais (como na hipomania ou mania), escrever ajuda a desacelerar. Quando a depressão cala tudo, escrever pode ser uma forma de não se perder de si mesmo.

Você pode tentar:

  • Escrever diários/cadernos emocionais: não precisa ser em um diário, desses que as meninas usam. Pode ser um caderno qualquer, o importante é registrar os sentimentos sem filtro;

  • Poemas ou cartas: mesmo que nunca sejam lidos por ninguém;

  • Blog pessoal ou rede social: compartilhar sua vivência pode ajudar você e outros.

O ato de escrever permite que você visite e revisite quantas vezes quiser e comparar o que estava sentindo em cada momento da sua vida. Também pode ajudar a identificar padrões quando você está entrando em mania ou depressão.

Desenhar ou pintar: quando o corpo sente o que a mente não entende


Nem sempre temos palavras para o que sentimos e está tudo bem. A pintura ou desenho entra aqui como um meio entre o sentimento e o mundo exterior. Quando há muitos estímulos ou estamos completamente entorpecidos, pegar um lápis, caneta ou pincel pode ajudar a colocar para fora o que não conseguimos explicar.


Não é sobre ser “bom” em desenhar, é sobre usar o gesto como desabafo, um meio de se expressar:


  • Pintar cores fortes quando tudo explode por dentro;


  • Rabiscos nervosos para a raiva que não pode sair em palavras;


  • Formas suaves quando a ansiedade precisa ser acalmada.


Esse tipo de arte pode ser feito em casa, no caderno, em uma tela digital, o que importa é a sensação de alívio e liberação.


Cantar e criar músicas: dar voz ao que pulsa


A música tem uma conexão profunda com o transtorno bipolar. Não à toa, muitos artistas com esse diagnóstico expressam suas dores e delírios por meio de sons. Cantar pode ser uma forma de libertação emocional imediata.


Você pode:


  • Criar playlists para cada fase (mania, estabilidade, depressão);


  • Gravar áudios cantando ou falando sobre o que sente;


  • Compor (mesmo sem instrumento);


  • Cantar no chuveiro, na sala, no carro, onde for seguro.


O som da sua própria voz pode ser uma forma de se lembrar de que você ainda está aqui, mesmo quando tudo conturbado ou vazio.


A arte não cura o transtorno, mas pode curar partes da alma


Importante lembrar: arte não substitui medicamento, terapia ou acompanhamento profissional. Mas ela pode acompanhar o tratamento e tornar o processo muito mais leve. Pode ser o espaço em que você se reconhece, quando tudo o mais parece estranho.


Ter transtorno bipolar é conviver com extremos. A arte não anula esses extremos, mas ajuda a atravessá-los com mais gentileza. Mesmo nos dias em que tudo parece perdido, um rabisco, uma frase ou uma canção podem lembrar: você ainda está aqui.


quarta-feira, 11 de junho de 2025

Descontrole Financeiro na Fase Maníaca do Transtorno Bipolar: Entenda e Saiba Como Lidar



Lidar com o transtorno bipolar no dia a dia já é uma tarefa complicada e que requer atenção, e uma área importante é a área financeira. Isso porque durante a mania, tendemos a comprar mais de maneira compulsiva, podendo afetar até mesmo os entes queridos.

Pessoas que ainda não foram diagnosticadas com o transtorno podem passar anos entre o endividamento e a estabilidade. Muitas vezes sendo vistas como irresponsáveis ou sem controle, quando na verdade estão precisando de ajuda com uma condição clínica.


Mas por que a mania afeta o financeiro?

A fase maníaca ou de mania é uma das fases do transtorno bipolar. Nela, a pessoa costuma apresentar: Aumento de energia e euforia, ideias grandiosas (megalomania), diminuição da necessidade de sono, aumento da impulsividade e tomada de decisões arriscadas.

Durante a mania, o cérebro do bipolar está hiperestimulado. A dopamina, um dos neurotransmissores ligados à sensação de prazer e recompensa, costuma estar em níveis elevados, o que provoca um forte desejo de prazer imediato.

Esse comportamento impulsivo, muitas vezes aliado a uma autoconfiança excessiva, nos leva a decisões financeiras perigosas, fazendo com que a pessoa:

  • Compre por impulso, mesmo sem necessidade;

  • Faça empréstimos ou use cartões de crédito sem pensar nas consequências;

  • Invista em negócios arriscados, acreditando que "vai dar certo";

  • Ignore alertas e conselhos de familiares ou amigos;

  • Negue os problemas financeiros que está causando.


Como reconhecer os sinais de alerta?

É importante que saibamos identificar os sinais de que o comportamento financeiro está saindo do controle, para que assim possamos agir rápido. Preste atenção a:

  • Gastos repentinos e exagerados;

  • Compra de itens caros e/ou desnecessários (ex: eletrônicos, roupas de luxo, viagens);

  • Doações ou empréstimos impulsivos de dinheiro;

  • Criação de empresas ou projetos “milagrosos” da noite para o dia;

  • Irritação quando confrontado sobre as finanças.


Estratégias para o controle financeiro

É importante ter estratégias para quando estiver na fase maníaca, assim pode-se mitigar os possíveis danos.

  • Limite o acesso a crédito
    Reduza ou cancele cartões, estabeleça limites de saque e evite deixar dinheiro fácil de ser gasto.

  • Pague em dinheiro
    Dê preferência a pagar em cédula, assim limita-se o acesso ao dinheiro.

  • Tenha um responsável financeiro
    Em fases de estabilidade, avalie deixar contas e investimentos sob supervisão de alguém de confiança.

  • Crie alertas de gastos
    Aplicativos bancários podem ajudar a monitorar compras e emitir avisos em tempo real.

  • Evite decisões importantes durante a mania
    Assinar contratos, fazer grandes investimentos ou compras deve ser evitado nesse período.

  • Tenha um plano de crise
    Um documento com orientações para momentos de descontrole, elaborado com seu terapeuta ou psiquiatra.

  • Fique longe de lugares que te tentem
    Evite lojas físicas e online. Não deixe os dados do cartão salvo, mais uma etapa pode fazê-lo desistir da compra.

  • Priorize pagar as dívidas já feitas
    Tente manter o mínimo de dívidas e busque quitar as já existentes. Comece da menor para a maior.


Por fim, não se martirize quando fizer uma compra que não devia. Somos humanos e falhamos e falharemos no futuro, o importante é tentar e não desistir. Com consciência, tratamento e planejamento, é possível retomar o controle da sua vida financeira e emocional.