Vivemos numa época que cada vez mais é comum o debate sobre saúde mental, o que é muito bom. Porém, a banalização de algumas expressões e mesmo o autodiagnóstico, ainda gera desinformação e atrai olhares de forma negativa.
Você já deve ter ouvido ou até dito que “Fulana é meio bipolar, troca de ideia toda hora” ou “Hoje estou meio bipolar”. Embora seja um jeito comum de se expressar, não reflete a realidade do transtorno afetivo bipolar e podem confundir comportamentos normais com uma condição clínica.
Mas afinal, qual é a diferença entre ser bipolar e ter variações normais de humor?
Intensidade e duração dos episódios
Todos nós temos dias que acordamos mais irritados, ansiosos ou tristes, e o contrário também acontece: Mais animados, felizes. Geralmente há uma causa identificável (estresse, cansaço, uma boa ou má questão financeira, questões pessoais) e passam rápido, em horas ou poucos dias.
O mesmo não se pode dizer dos episódios de depressão ou mania/hipomania. Apesar de existirem diversos gatilhos para se iniciar um episódio e seja importante evitá-los, muitas vezes eles apenas acontecem. Além disso, eles podem durar dias, semanas ou mesmo meses, são mais intensos e incapacitantes,e afetam seriamente a vida da pessoa no trabalho, nos estudos e no dia a dia.
Sintomas específicos
O transtorno bipolar não se resume a uma mudança de humor. Há episódios definidos, com características específicas:
Episódio depressivo: tristeza profunda, falta de energia, perda de interesse, dificuldade para dormir ou excesso de sono, culpa, pensamentos suicidas.
Episódio de mania: euforia, autoestima inflada, fala acelerada, impulsividade, ideias grandiosas, pouca necessidade de sono e comportamentos de risco.
Hipomania: semelhante à mania, mas em menos intensidade, ainda assim, fora do padrão habitual.
Fase mista: A pessoa pode apresentar sintomas de ambos (mania e depressão) ao mesmo tempo ou alternar rapidamente entre eles.
Esses estados não são mudanças simples de humor. Eles interferem na percepção de nós mesmos e como nos relacionamos com o mundo.
Frequência e ciclicidade
Há uma alternância entre os episódios de mania/hipomania e depressão, com períodos de estabilidade entre eles. Essas fases se repetem durante os anos, com variações de intensidade e frequência.
O que é diferente de uma sem o transtorno, onde as mudanças normalmente são reações a eventos externos e não seguem um padrão cíclico e nem duram tanto tempo.
Impacto na vida da pessoa
Outro ponto é o impacto causado pelos episódios. Oscilações comuns de humor normalmente não afetam ou têm impacto grave na rotina. O mesmo não pode ser dito sobre as fases do transtorno bipolar, onde pode levar a decisões impulsivas (gastos excessivos, términos repentinos, abandono no trabalho, crises emocionais intensas que pode até chegar a internação ou suícidio em casos mais graves.
Diagnóstico profissional
É comum que pessoas se identifiquem com alguns sintomas e achem que têm transtorno, por isso é importante consultar um psiquiatra, pois só ele pode diagnosticar se a pessoa tem ou não a condição.
Autodiagnóstico e automedicação podem ser perigosos e podem atrasar o início do tratamento correto caso precise.
Conclusão
Não banalize e procure informação de fontes confiáveis para se aprofundar no assunto, procure um médico se desconfia que tem TAB. Bipolaridade é uma condição de saúde mental que exige atenção, tratamento e respeito. Entender a diferença entre variações normais de humor e o transtorno bipolar é importante para combater o estigma que permeia a condição.




